A internet por satélite, exemplificada por sistemas como Starlink, de Elon Musk, e OneWeb, está revolucionando o acesso à internet, especialmente em áreas remotas e de difícil alcance.
Esses sistemas utilizam uma rede de satélites em órbita baixa (LEO - Low Earth Orbit) para fornecer conectividade global, prometendo alta velocidade e baixa latência. No entanto, essa inovação tecnológica traz implicações significativas para a segurança cibernética e a geopolítica global.
Os sistemas de internet por satélite funcionam através de constelações de pequenos satélites, geralmente a uma altitude entre 500 e 2.000 km, que se comunicam entre si e com estações terrestres conhecidas como gateways. Esses gateways retransmitem os sinais dos satélites para os usuários finais, permitindo o acesso à internet em praticamente qualquer ponto do planeta.

A robustez dessa infraestrutura espacial, aliada à sua cobertura global, faz desses sistemas uma peça-chave nas comunicações contemporâneas, especialmente em regiões de conflito ou com governos repressivos.
A guerra entre nações pode se tornar mais complexa e multifacetada com o advento desses sistemas. Historicamente, o controle da informação e da comunicação tem sido uma arma estratégica em conflitos. Contudo, a natureza dispersa e redundante das constelações de satélites de internet torna difícil para qualquer nação bloquear ou interromper completamente o serviço.
A neutralização de um ou mais satélites, por exemplo, não necessariamente compromete a rede como um todo, dado que o restante dos satélites pode compensar a perda.

Entretanto, as estações terrestres de retransmissão (gateways) podem se tornar alvos estratégicos. Localizados em pontos específicos da superfície terrestre, esses gateways são vulneráveis a ataques físicos ou cibernéticos. A destruição ou comprometimento de um gateway poderia prejudicar significativamente a conectividade regional ou global, dependendo de sua importância na rede.
Embora seja possível distribuir esses gateways em diversas localidades, a interdependência entre eles e os satélites cria um vetor de ataque que poderia ser explorado em conflitos bélicos.
Além disso, a presença de empresas privadas controlando infraestruturas críticas globais de comunicação levanta questões sobre soberania e controle.

Em um cenário de guerra, nações poderiam tentar cooptar ou pressionar essas empresas a interromperem serviços em áreas específicas, ou, inversamente, essas redes poderiam ser usadas para manter comunicações em regiões sob bloqueio tradicional de informações.
Assim, a internet por satélite está não apenas conectando o mundo de maneira sem precedentes, mas também redefinindo o campo de batalha da guerra cibernética e convencional.
Com sistemas como
Starlink e
OneWeb em rápida expansão, a segurança dessas infraestruturas se torna uma preocupação central para nações e empresas de segurança cibernética, exigindo novas abordagens para proteger e garantir a integridade das comunicações globais.
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